Parece que o tempo parou. E você ficou parada onde está, sem fazer absolutamente nada, porque, afinal, o quê poderia fazer?
Cansada de buscar um sentido para o que faz e não encontrar, simplesmente desistiu.
- Mas desistir da vida? - diriam os mais próximos - isso não se faz, menina.
Se desistiu ou não, quem liga? Quem se importa? Já não tem mais para onde correr, já não tem mais o que fazer, o que pensar, o que sentir e o que falar. Se perguntarem o porquê disso, ela certamente não teria palavras prontas nem justificativas plausíveis, e do que adiantaria ter? Se para eles não se passa de drama. Desnecessário drama. Mas em sua mente, sabia exatamente tudo o que sentia, ou não, até porque seu caos chegava ao ápice naquele instante. Suas bagunças nunca foram tamanhas, seus pensamentos tão desordenados causavam nela um desconforto só ao conversar com alguém, por exemplo. O afastamento foi a solução mais confortante, ela pensava. Então, se afastou.
De todos e até mesmo dela própria, se é que isso é possível. Alguns amigos desistiram de chamá-la para sair, pois já diz o poeta "Quem muito se ausenta uma hora deixa de fazer falta". Na verdade, ela pouco importava com isso. Não sabia mais no quê ou com quem se preocupar.